A MAIOR BARREIRA CULTURAL PARA O MISSIONÁRIO HODIERNO
São diversas as dificuldades pelo que passam os missionários transculturais no campo. Desde dificuldades de relacionamentos entre eles e os locais e entre eles mesmo, seguido da adaptação cultural, problemas financeiros dos mais diversos, até a infraestrutura muito precária em alguns campos, e a mentalidade dos locais contrária à Palavra de Deus.
Mas de todos os percalços, mesmo não elencado no parágrafo acima é a falta de vocacionados para a obra de missões transculturais. Seguido da dificuldade financeira.
Esse fenômeno, da falta de vocacionados, tem dois culpados: um é o próprio crente, que não se sensibiliza com a mensagem do evangelho e não desperta nele o amor pelas almas perdidas. A outra culpada é a igreja local onde aquele crente congrega. A igreja de orientação protestante (evangélica) é hoje pós missões. É uma era onde algumas igrejas crescem muito. Têm templos gigantescos, luxuosos, com material de multimídia de primeira categoria, com instrumentos musicais caríssimos… Mas a mensagem é aquilo que o povo quer ouvir, e não o que Deus quer que o povo ouça. Ora, todo mundo gosta de ouvir sobre bênçãos, cura, prosperidade. , mas, como disse o Apóstolo paulo em 2 Timóteo 4:3 “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;”. Basta “assistir” um culto nessas igrejas para se constatar: uma hora de louvor, meia e uma hora de pregação da mensagem (que o povo quer ouvir), e nada se fala sobre missões, nem de evangelismo pessoal, quanto mais missões transculturais. O Modus Operandi dessas igrejas é muito simples: um “membro” convida um parente, ou conhecido para “assistir” um culto e lá a pessoa é impactada pelo louvor e pela mensagem positivista. Se gostar, muito provavelmente voltará e convidará outras pessoas.
Em contrapartida, numa igreja em que se fala de missões, é lá que surgem os vocacionados. A igreja precisa investir na educação religiosa na Escola Bíblica Dominical (EBD), ensinando a introdução bíblica, evangelismo pessoal e de massa, e ensinando sobre missões, nacionais e transculturais. O currículo da EBD deve conter missões, ao menos uma vez por ano. A igreja também deverá ter cultos missionários regularmente, assim como ter um momento missionário em todo culto, para se criar uma “atmosfera de missões” na igreja. A igreja precisa entender que o “motor de missões” são os pés de quem vão, os joelhos de quem ora, e as mãos de quem contribui financeiramente (quem “segura a corda”).
Tão importante quanto ao chamado para missões transculturais, é a oração da igreja. A oração funciona como fogos de artilharia, preparando o terreno para o avanço da infantaria (os missionários). A artilharia neutraliza alvos (destrói inimigos em potencial), e abre espaço para a ação dos missionários. Por isso é mister a oração da igreja, oração pelos missionários e família, oração pelo povo a ser alcançado, oração para Deus neutralizar os inimigos, enfim…
Importante quanto a artilharia e infantaria é a logística (ela determina a permanência em combate). Nesse sentido estão as finanças. E missões custa caro! O preparo do(s) missionário(s) é caro; o envio é caro; manter no campo custa muito caro. Desde aluguel residencial até aluguel de uma sede, um ponto de pregação – futura igreja, programa em rádio, panfletagem, passando pelos cuidados com a família do missionário, caso o tenha, escola para os filhos, automóvel para deslocamentos distantes, combustível, alimentação, água, energia elétrica,,telefone, etc. Percebe-se que a logística é imensa, é muito caro, e isso é tarefa da igreja enviadora, podendo haver parcerias com outras igrejas e agências missionárias.
Não há nada que impeça uma igreja grande, numerosa, abastada em investir em missões (despertamento e envio de vocacionados, oração e o sustento dos missionários enviados), afinal, a maior parte do envio de missionários transculturais no Brasil é feito por igrejas relativamente pequenas (com até 100 membros). A igreja contemporânea precisa aprender a ser igreja para o mundo, e não somente igreja para a igreja local.
A Grande Comissão (Mateus 28:19-20; e Marcos 16:15,16), e ao alcance da Missão (Atos 1:8) precisa ser ensinado na igreja contemporânea, pois a maioria de seus membros nem sabe o que é missões, missões transculturais, não sabem o que é evangelho e o que é evangelizar. O ministério de ensino da igreja (onde têm) precisa ensinar e desafiar os membros para que hajam missionários – vocacionados preparados e enviados ao campo, pois a missão é urgente.
Identificar, comissionar, treinar, enviar para o campo, sustentar em oração e financeiramente o(s) missionário(s) é missão intransferível da igreja. “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.” (Lucas 10:2).
E, “Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Habacuque 2:14). O mundo todo conhecerá o evangelho do Salvador, então virá o fim, conforme Mateus 24:14. Despertar vocacionados é o desafio relevante para a igreja contemporânea.
Gustavo Maders de Oliveira - Th.
1º de junho de 2022.
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