A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA INICIADA POR MAX WEBER, DE MATRIZ TEÓRICO-METODOLÓGICA HERMENÊUTICO-COMPREENSIVA
Max Weber, sociólogo alemão, nasceu em Erfurt, na Turíngia, em 21 de abril de 1864. Ardente nacionalista, Weber é considerado um dos mais importantes pensadores modernos. Fundou a disciplina chamada Sociologia da Religião, fazendo um estudo comparado da história, da economia e da História das Doutrinas Religiosas. Para Weber, o objetivo da Sociologia é o sentido da ação humana individual que deve ser buscado pelo método da compreensão. Weber define como objeto da Sociologia a ação social.
Marx Weber é o fundador de um modo de pensar a vida social profundamente diferente do marxismo e do positivismo. Weber formula em sua metodologia o “conceito do compreensão”. Tratou de temáticas como a racionalização, a burocracia, a política, o papel da Ciência e formulou metodologias próprias para a pesquisa sociológica. Outros temas, como a cultura, eram ainda bastante importantes para Weber. Por isso, o sociólogo acabou influenciando outras disciplinas, como a Antropologia – principalmente em autores como Clifford Geertz. Weber ainda é importante, por exemplo, em estudos sobre administração pública, sendo sua teoria ainda bastante estudada e aplicada.
Na época em que Weber viveu, a racionalização, o progresso como ordem econômica e a burocracia estavam bem desenvolvidos. As grandes empresas se multiplicavam. Weber era muito interessado em Bolsas de Valores, o que permitiu que o autor estudasse esses temas com profundidade. As primeiras obras de Weber foram sobre questões de administração pública. Em 1905, publicou seu trabalho intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Assim, em 1911, Weber havia atingido o ápice da sua atividade intelectual, ficando bastante consolidado em sua carreira acadêmica.
O trabalho intelectual de Weber é influenciado por Kant e, sobretudo, por Nietzsche. Assim, Weber introduz uma Sociologia compreensiva, como uma forma de entender quais são as motivações, as vontades, desejos e os sentidos relativos às ações sociais. Para pensar as ações sociais, portanto, Weber parte dos indivíduos. A explicação sociológica das ações se volta para os sentidos e os efeitos da ação de um indivíduo no âmbito social. Assim, a Sociologia não visa julgar a ação, nem de analisar uma pessoa – em sua personalidade, por exemplo –, mas de pensar como suas ações operam na sociedade. Portanto, também não é qualquer comportamento que é de interesse sociológico. Essas ações precisam ser significativas, ou seja, não serem simples reações. São ações com uma significância social.
Para Weber, a realidade social é complexa, multifacetada e desordenada. Assim, ela nunca pode ser reduzida a um conceito prévio e definido. Os conceitos tentam apenas captar uma parte, uma faceta dessa realidade que é por natureza complicada de ser entendida. Assim, Weber tenta fazer uma Sociologia sem dar definições prévias e últimas sobre um fenômeno social. Na obra weberiana, um conceito é construído conforme suas análises e raciocínios se desenvolvem. A partir dessa perspectiva – de uma Sociologia compreensiva –, Weber estuda uma variedade de temas, como a racionalização do mundo, a burocracia, a ética protestante e do que se trata a pesquisa sociológica. Algumas de suas obras estão listadas a seguir: A história da sociedade comercial na Idade Média (1889); A ética protestante e o espírito do capitalismos (1905); A política como vocação (1919); Sociologia da Religião (1920); e Economia e Sociedade (1922).
Weber evitou formular definições e conceitos prévios ou definitivos. Sua preocupação, afinal, é com a realidade social complexa e sempre difícil de apreender completamente. Parte dessas suas ideias podem ser expressas em algumas de suas frases:
1. “O que o capitalismo criou, em definitivo, foi a empresa duradoura e racional, a contabilidade racional, a técnica racional, o direito racional”;
2. “Um filho da moderna civilização europeia sempre estará sujeito à indagação de qual a combinação de fatores a que se pode atribuir o fato de na civilização ocidental, e somente na civilização ocidental, haver aparecido fenômenos culturais dotados (como queremos crer) de um desenvolvimento universal em seu valor e significado”;
3. “Explicação significa, portanto, para uma ciência ocupada com o sentido da ação, algo como: apreensão da conexão de sentido a que pertence uma ação compreensível de maneira atual, segundo seu sentido subjetivamente visado”;
4. “A interpretação da ação deve tomar nota do fato fundamentalmente importante de que aquelas formações coletivas, que fazem parte tanto do pensamento cotidiano quanto do jurídico […], são representações de algo que em parte existe e em parte pretende vigência, que se encontram na mente de pessoas reais […] e pelas quais orientam suas ações”; e
5. “Um ‘Estado’ moderno existe em grande medida dessa maneira – como complexo de específicas ações conjuntas de pessoas – porque determinadas pessoas orientam suas ações pela ideia de que este existe ou deve existir dessa forma”.
A especificidade de compreensão está centrada no indivíduo. Ele é o fundamento da ação social e as interações sociais. A compreensão, segundo Weber considera o indivíduo isolado, e sua atividade como unidade de base. Quer dizer, o indivíduo como sujeito capaz de empreender significativas deve ser colocado como base da Sociologia Compreensiva, pois é através dele que os conceitos coletivos se tornam inteligíveis. Outro aspecto fundamental do método compreensivo é a construção do “tipo ideal puro”. Consiste numa elaboração racional que o cientista seleciona aspectos considerados relevantes para a compreensão da realidade social. O tipo ideal não se confunde com a realidade; é apenas um instrumento de aproximação, uma espécie de medida que permite a inteligibilidade da realidade.
Concisamente, tarefa do cientista social é compreender as estruturas da sociedade e não assumir a postura de reformador social ou definir qual a sociedade melhor. A ação social referentes a valores é aquela em que seu autor age a serviço da convicção tendo em vista o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas, a importância de uma causa. A ação racional referente a fins orienta-se dos meios e das consequências previsíveis. Essa modalidade de ação é também denominada de ética da responsabilidade (para Weber). Uma das preocupações centrais em Weber era justamente com os valores e os sentidos das ações das pessoas que, em conjunto, formam os fenômenos sociais. Essa Sociologia compreensiva de Weber permanece relevante até atualmente.
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